sábado, 25 de setembro de 2010

Em que pensas, José


Meninos… à lição


Em que pensas, José?

“Penso, logo existo”

Em 1637, com este enunciado no seu “Discurso do Método”, Descartes instituiu a dúvida, a perplexidade perante as incertezas que dominavam a humanidade, um estado de espírito cético e existencialista, tão incisivo e profundo que chocou os intelectuais de então, logo se espalhando pelo mundo. Indiferente e soberano, desafia o tempo, a sabedoria, todos os conhecimentos e dimensões, e viverá enquanto o homem for homem e conservar essa essência com os predicados que, lenta mas irreversivelmente, foi adquirindo e conquistando à natureza.

Realmente, interrogou-se Descartes, porque pensa o Homem? E responde a si próprio: certamente porque duvida!... E se duvida, pensa. E se pensa, existe; ou, dito inversamente, o homem sabe que existe porque pensa e pensa porque duvida. Uma coisa tão importante e de tal simplicidade até se torna chocante! Com ligeireza, até poderia ser tomada por uma lapalissada. É como dizer que se a é igual a b e b é igual a c, as três grandezas em nada diferem – a é, pois, também, igual a c.

Retiradas das páginas de motores de busca, sapo e google, aqui se mostram fotografias de pensadores, mas nem todos eles terão esse atributo, longe disso; também não se incluem todos os que o são, porque numa breve pesquisa não foram encontradas fotografias de figuras que demonstrem essa propensão. Se, com isto, ferir alguma suscetibilidade, é só dizer e logo desaparece daqui; por outro lado, se houver alguém conhecido, natural de Cebola, com uma foto idêntica, desde que obtida anteriormente, e quiser incluí-la sem pejo de se misturar com macacos e burros, basta seguir os passos normais.

São portugueses, bem conhecidos, os da primeira linha, também os seguintes, depois altas figuras intelectuais, poetas e escritores de elevado gabarito, e vários laureados com o Prémio Nobel da literatura, da física, química, medicina, economia e da paz. Ainda símios ou primatas, nossos antepassados que convém respeitar, sem esquecer os simplórios burros, de particular simpatia, que também pensam, a fazer jus ao popular dito “a pensar morreu um burro”.

Aliás, é velha a história deste aforismo:

Diz-se que o tal burro morreu a pensar quando, depois de muito trabalho, cansado, cheio de fome e de sede, já mal se segurando nas quatro, encontrou um balde com água fresquinha e outro com forragem da melhor, mas ele que tinha precisamente tanta sede quanta fome, ficou indeciso sem saber que balde atacaria primeiro. Se o do comer, morreria de sede; se o da água, morreria de fome – equação demasiado complicada para um burro resolver por si… Então, jumento duma figa, asno d’um raio, em que ficamos?

A indecisão foi-lhe fatal…

Contudo, gosto mais de acreditar e privilegiar outra asserção. A pensar morreu um burro porque o povo sempre que lida com alguém pouco expedito, apático ou falho de iniciativa logo o pejora de burro, e então quando esse alguém, dito burro, pelo seu querer, à custa de muito trabalho, com perseverança, sai das trevas da obscurante letargia mental e se atreve a pensar, simultaneamente desaparece o motivo por que era assim tratado. Logo, enquanto o burro que havia em si morreu, um homem nasceu!... Por isso eu direi enquanto me for permitido – “a pensar morreu um burro” porque aprendeu… a viver!

A fim de satisfazer possíveis curiosidades, aqui deixo os nomes das figuras expostas, unidas pela mesma característica: a pose meditativa.


Em cima, um burro, The Teacher.

A seguir

José Mourinho, Constantino (o tal de Cebola), Eça de Queiroz, Prof Marcelo Rebelo de Sousa, Miguel Sousa Tavares.



Não consegue chegar lá… fica a meio. Depois, fecha a mão e encosta. Como um símio, pois claro! Vacilou foi quando teve de enfrentar a França e o Sarkozy… Defendeu-se bem mas, embora tenha um invejável poder de encaixe, como demonstra pelo esfregar da pestana, não lhe auguro nada de bom. Ainda o veremos à frente duma caravana de ciganos!


Olha, olha! Que faz você aqui, homem? Não estará deslocado neste post? Terá alguma conotação com os acima expostos? Só os resultados poderão responder, n’é?… Que respondam então bem rápido e depois logo vejo se fica… Por agora, é preciso é tranquilidade!



Andará o primeiro à procura de salvação? Quem o absolve? Por mim…Ámen.


Nietzsche, John Dewey, (filósofos); Paul Eluard, Victor Hugo, Rimbaud (escritores)



Alberto Morávia,, Garcia Lorca, Juan Ramón Jimenez (escritores)



Sinclair Lewis, Salvatore Quasímodo, Grazia Deleda, Eugene O’Neil, Paul Sabatier, François Mariac (prémios Nobel)




François Bernaert, Sir Aust Chamberlain, Aun San Suu Kyi, Peter Grümberg, Ichiro Tomonaga, Barack Obama (prémios Nobel)


Pierre Curie, Madame Curie, Louis de Broglie, Vitaly Lazarevich Ginzbur, Robert Koch, (prémios Nobel)



Ilustres desconhecidos


Incógnitos


Outros Macacos.

Atente-se na concentração daquele profissional da informática, um internauta da primeira linha. Ainda o apanhamos no facebook a desafiar outro expert na matéria, alguém que eu conheço e muito respeito, sem embargo do revanchismo bem evidenciado em retaliações inconsequentes por motivos de lana caprina... Não me importaria, se dominasse a ciência, de arbitrar, no espaço sideral, este épico match - um singular duelo de titãs, esgrimido apenas com bytes, chips, bananas e amendoins!...



“O pensador”, de Rodin.



 

Com todo o respeito pelo artista, e ainda que em contraciclo com a opinião generalizada dos doutores do ramo, parece-me mal conseguido o protótipo de pensador. Repare-se na posição, pouco ortodoxa, forçada, desconfortável e inestética do cotovelo direito em cima do joelho esquerdo (!) segurando o maxilar.

Aliás, para um pensador nato, para um pensador que se preze, é condição necessária uma mesa para apoiar o cotovelo. 

Será possível que  Rodin  quisesse retratar alguém com dor de dentes mas, por opção retardada, ter-lhe-á mudado  o nome - quem sabe se para agradar a algum contemporâneo político influente, cacique local ou  eminência de elevada magistratura, porventura senhor de idêntica pose nos momentos de arroubos transcendentais em beatíficas  elucubrações, na procura de justificação por seus pares, em tempos idos, terem condenado a morrer na fogueira alguém mais esclarecido que corajosamente ousou desafiar as lúgubres e poderosas instituições com a mostra e prova insofismável  de fenómenos naturais -, resultando daí um grosseiro “pensador” imitando o respeitável e selvático macaco!

A menos que, mea culpa, esteja contida alguma mensagem absurdamente abstrata, avessa ao meu entendimento!...






Este, sim, este é um pensador nato! Em flagrante delito!...


E seria um “flagrante delito” se, na nossa essência, por que animais inteligentes, não mantivéssemos sempre como escopo a prossecução da Verdade e uma postura de incerteza perante premissas, factos, postulados e axiomas, ainda que a priori nos pareçam reais e inatacáveis. Duvide-se, duvide-se mesmo dela, da dúvida, contanto que no sentido espiritual ou filosófico do termo… Que nada de a confundir com exageradas, estéreis e doentias desconfianças, cumuladas com a carga imposta pela sentença popular, que manda “desconfiar até da própria sombra”.

A Verdade, apesar de ter um peso específico demasiado elevado para subir à tona, e ainda que sem bússola e sem vislumbre de porto seguro, não irá decerto soçobrar. Ao leme da jangada Dúvida, capitaneando, vogará, no espaço e no tempo, pelos mares encapelados do pensamento, na eterna busca de um farol.
 

Constantino Braz Figueiredo